sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Jesus é o Único Mediador entre Deus e os Homens


Será possível inserir alguém entre a nossa relação com Cristo? Podemos ter algum outro modelo de vida? O homem pode alcançar a santidade? Ele não será sempre santo e pecador? Os mortos não estão “dormindo” até o dia da ressurreição final? Afinal das contas: Se Jesus é o único mediador, por que recorrer à intercessão dos santos?

Essa é uma questão belíssima, que leva muita gente a pensar na vida eterna. Podemos nos aproximar lembrando uma imagem da Divina Comédia de Dante Alighieri: o Céu é um reino de luz no qual os santos estão como espelhos, refletindo em si e nos outros a imagem do único Deus, sumamente Santo. Certamente a luz de Deus é infinita, impossível de ser aumentada, pois Deus é o ser perfeitíssimo, mas cada santo reflete a seu modo a luz infinita de Deus. Quanto mais pessoas houver no Céu, a divina luz será refletida com maior intensidade. No Céu, cada um é extremamente feliz e essa felicidade se une à dos outros.

Os santos estão no Céu cantando louvores a Deus e ao Cordeiro. E quanto mais uma pessoa está unida a Deus, amor infinito, mais estará unido aos outros homens. No Céu os santos intercedem pelos que ainda caminham nesse mundo, e isso é uma consequência do conhecimento e do amor que vem de Deus.

Desse modo, os santos são como um reflexo da luz divina; um reflexo imperfeito de Deus no nosso mundo e pleno no Céu. Os santos não são fontes de luzes por si mesmas, mas refletem a única luz de Cristo. São Paulo diz que em Jesus habita corporalmente a plenitude da divindade. Mas é difícil imitar todos os aspectos da sua vida. Por isso, podemos contemplar nos santos aspectos da vida de Cristo. Os santos são um raio luminoso do mistério infinito de Cristo no nosso mundo.

Chesterton dizia que cada santo tem o mérito de lembrar à sua época alguma virtude de Cristo que estava esquecida no seu momento histórico. E cada época é convertida pelo santo que mais a contradiz. Sendo assim, num momento que o luxo começava a reinar na Europa, São Francisco de Assis veio nos mostrar a beleza do desprendimento, assim como Cristo o vivia; em uma época violenta como o século XX (época dos grandes sistemas totalitários, dos grandes genocídios), os santos nos fizeram lembrar a misericórdia de Deus (Santa Faustina, Madre Teresa de Calcutá, Beato João Paulo II e muitos outros). Os santos são em cada época uma recordação única do mistério de Cristo.

Agora temos que considerar algumas objeções.

  1. Será possível inserir alguém entre a nossa relação com Cristo? Podemos ter algum outro modelo de vida? Não será verdade que só Cristo (solus Christus) salva? Imitar algum outro personagem histórico não seria uma influencia pagã, uma espécie de idolatria?
Para responder a essas objeções, evidentemente, temos que recorrer à Bíblia, formada pela Igreja e fonte da sua doutrina.

1 Cor 4,16: “Rogo-vos pois, sede meus imitadores”; 1 Cor 11,1: “Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo”; 1 Tes. 1,6: “De vossa parte, vos fizestes imitadores nossos e do Senhor, abraçando a palavra com a alegria do Espírito Santo, em meio a muitas tribulações”; Heb. 6, 11,12 “Desejamos, pois, que cada um de vós manifeste até o fim a mesma diligência para a plena realização da esperança, de forma que não sejais indolentes, mas imitadores daqueles que, mediante a fé e a perseverança, herdam as promessas”; Fil. 3,17: “Irmãos, sede meus imitadores, e prestai atenção nos que vivem segundo o modelo que têm em nós”. Esses textos nos mostram que podemos imitar outras pessoas além de Jesus Cristo; o critério é imitar os que por sua vez foram imitadores de Cristo.

  1. O homem pode alcançar a santidade? Ele não será sempre santo e pecador (iustus et pecattor)? Não seria uma presunção chamarmos alguém de santo?
A Bíblia não só diz que é possível se tornar santo, mas que essa é a vocação universal de todo homem. Já no Antigo Testamento Deus exorta: “Sede santos porque Eu sou santo” (Lev 11,44); e no Novo Testamento há várias afirmações desse tipo: “Procurai a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor”(Hb. 12,14); “A exemplo da santidade daquele que vos chamou sede também vós santos em todas as vossas ações” (1 Pe. 1,15); “Bendito seja Deus ... que nos escolheu em Cristo antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos” (Ef. 1,4); “Vivei uma vida digna da vocação para a qual fostes chamados” (Ef. 4,1); “Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza, que delas nem sequer se fale entre vós, como convém a santos” (Ef 5,3); “Está é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Tes. 4,3); Deus poderia exigir do homem algo impossível de se alcançar? A santidade é possível porque antes de tudo ela é um dom de Deus e Ele só nos pede o que Ele mesmo nos concede.

  1. Os mortos não estão “dormindo” até o dia da ressurreição final? Enquanto essa não chega o que conta é a fé pessoal, e não a oração dos mortos.
Nos Evangelhos vemos a cena da transfiguração do Senhor, a qual narra o encontro de Jesus Cristo com Moisés e Elias, dois personagens mortos há séculos. Eles aparecem conversando com o Senhor (aparecem rezando). E em outro texto lemos que Deus é o juíz dos vivos e não dos mortos.

“No mesmo dia chegaram junto dele os saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram, Dizendo: Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, casará o seu irmão com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão. (...) Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus. Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu. E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Mat 22:23-32).

Nesse texto Ele diz claramente que Abraão, Isaque, Jacó estão vivos, junto de Deus. Isso mostra que não há sono eterno até o juízo final, mas os amigos de Deus voltam para ele, depois da morte. E que os santos rezam por nós está afirmado no livro do Apocalipse:

“Quando, enfim, abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu cerca de meia hora. Eu vi os sete Anjos que assistem diante de Deus. Foram-lhes dadas sete trombetas. Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está adiante do trono. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus.” (Ap 8,1-4);

Portanto, os santos estão vivos, intercedendo diante de Deus pelos seguidores de Cristo. Dentre os santos há um lugar especial à Virgem Maria. Essa é venerada pelos cristãos desde sempre. De fato, se Jesus Cristo nos disse que devemos amar inclusive os nossos inimigos, como não amar “a mãe do meu Senhor” e todos os que o serviram com fidelidade?

A veneração aos santos nada tem a ver com a idolatria, que é um pecado grave contra a fé e consiste em colocar algo ou alguém no lugar de Deus. É certo que alguns grupos querem convencer os católicos de que conhecem o que os católicos adoram melhor mesmo do que os próprios católicos. Mas isso é uma pretensão absurda. O culto cristão de adoração é devido somente ao Deus Uno e Trino. No principal ato de culto católico, a Missa, todas as orações são dirigidas ao Pai, por meio de Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Não há nenhuma dirigida aos santos. Os cristãos podem pessoalmente pedir aos santos que rezem a Jesus Cristo conosco, mas a Missa é um ato de culto exclusivo ao Deus Uno e Trino.

Portanto, não há o que temer. Podemos olhar com gratidão as Sagradas Escrituras e aos santos como os grandes imitadores de Cristo, reflexos da santidade divina. Esses estão diante de Deus vivos e transbordam nos demais o amor que incessantemente recebem de Deus.

Pe. Anderson Alves.
Fonte: http://www.linkscatolicos.com.br/2012/04/jesus-e-o-unico-mediador-entre-deus-e.html#.UmqeMiqRKDA

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